ATA DA DÉCIMA NONA SESSÃO SOLENE DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 18.6.1991.

 


Aos dezoito dias do mês de junho do ano de mil novecentos e noventa e um reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Décima Nona Sessão Solene da Terceira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Legislatura, destinada à entrega do Título Honorífico de Líder Comunitário ao Senhor Antonio Rafaeli Rodrigues, concedido através do Projeto de Resolução 57/90 (Processo n° 2509/90), de autoria do Vereador Cyro Martini. Às dezessete horas e vinte e três minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Vereador Airto Ferronato, Vice-Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Senhor Antonio Rafaeli Rodrigues, Homenageado; Senhora Rosângela Cipriani, esposa do Homenageado; Senhor Rafael Rodrigues, filho do Homenageado; o Senhor José Manito, Coordenador do Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública do Bairro Partenon; e Vereador Cyro Martini. Após, o Senhor Presidente pronunciou-se acerca da solenidade e concedeu a palavra ao Vereador que falaria em nome da Casa. O Vereador Cyro Martini falou sobre a significação social da homenagem, dizendo que esta Casa reconhece, por dever de justiça, o valor, a importância de uma pessoa, de um cidadão como o Senhor Antonio Rafaeli Rodrigues, que despreendidamente sacrifica a sua vida, o seu convívio familiar em favor do semelhante. Discorreu sobre sua participação no Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública do Bairro Partenon, bem como sua preocupação em favor das questões comunitárias. A seguir, o Senhor Presidente registrou a presença, em Plenário, do Senhor Décio Furlam. Em continuidade, o Senhor Presidente convidou os presentes a assistirem, de pé, à entrega, pelo Vereador Cyro Martini, do Diploma de Líder Comunitário ao Senhor Antonio Rafaeli Rodrigues. Após, concedeu a palavra ao Homenageado, que agradeceu o título hoje recebido desta Câmara Municipal. A seguir, o Senhor Presidente agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas e trinta e seis minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Vereador Airto Ferronato e secretariados pelo Vereador Cyro Martini, Secretário “ad hoc”. Do que que, Cyro Martini, Secretário “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e pelo 1º Secretário.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Airto Ferronato): Damos por abertos os trabalhos desta homenagem ao líder comunitário Sr. Antonio Rafaeli Rodrigues, por Requerimento, de autoria do Ver. Cyro Martini, nº 057/90, Proc. nº 2509/90.

Esta Sessão confere ao Sr. Antonio Rafaeli Rodrigues, nascido em Tapes, o título honorífico de Líder Comunitário. É o reconhecimento da Cidade ao trabalho e tenacidade que sempre marcaram a trajetória do homenageado, homem humilde que iniciou sua vida profissional aos treze anos como office-boy e hoje empresário conceituado na área da construção civil, proprietário da firma A Rafaeli e Cia. Ltda., responsável pela execução de mais de 200 obras na Capital e na Grande Porto Alegre. Mas a homenagem que ora é conferida não se deve apenas ao lado empreendedor dele, mas deve-se, antes de mais nada, ao seu vínculo com o passado que o move em direção aos necessitados. Este passado de dificuldades que mantém sempre acesa a chama da solidariedade, tornando-o um homem engajado nos problemas da comunidade do grande Partenon. Naquela área, Rafaeli promovia iniciativas e mobilizava a categoria empresarial em prol de recursos e mantimentos destinados às populações carentes.

Compõem a Mesa o nosso homenageado, sua esposa, Srª Rosangela Cipriani, Rafael Rodrigues, filho do homenageado; José Manito, Coordenador do Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública do Bairro Partenon. Queremos registrar também a presença do Ladércio Furlan, que recentemente recebeu desta Casa o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre.

De imediato, com a palavra o Ver. Cyro Martini, que fala em nome das Bancadas do PT, PDT, PDS, PTB, PSB, PL e PMDB.

 

O SR. CYRO MARTINI: Srs. Vereadores; meus Senhores, minhas Senhoras. Para nós é sempre honra elevada participar de momentos como este em que temos a oportunidade de ser o veículo da Câmara de Porto Alegre, da cidade de Porto Alegre, dos porto-alegrenses, quando se presta uma homenagem, quando se reconhece, por dever de justiça, o valor, a importância, a significação social de uma pessoa, de um cidadão. Rafaeli, como tiveram a oportunidade de verificar através da manifestação do Sr. Presidente, Ver. Airto Ferronato, é, sem dúvida, uma pessoa que merece todo o nosso respeito, toda a nossa consideração e deve ser olhada e citada como exemplo. De origem humilde, simples, através de uma vontade decidida, de um caráter inquebrantável, foi aos poucos galgando o caminho de uma posição, dentro da economia porto-alegrense, significativa. Hoje, ele participa do comércio do material de construção através de diversas lojas. E assim, de uma criança humilde, tornou-se alguém prestigiado dentro da economia porto-alegrense, significativamente.

E nós temos absoluta certeza de que, por este caminho, terá muito mais ainda a oportunidade de ter, da parte de Rafaeli, o nosso Município.

Mas a nossa homenagem de hoje não é só neste sentido empresarial da sua vida, não é só o valor que ele tem como chefe, como exemplo de chefe de família, mas, também, principalmente, em razão do seu trabalho, do seu esforço em favor da comunidade.

Nós todos sabemos quão difícil é dispormos de cidadãos, de concidadãos dispostos a desprendidamente sacrificarem a sua vida, o seu convívio familiar em favor do semelhante.

Sempre que nós temos a oportunidade de constatar alguém que, antes de tudo e, sobretudo, coloque os seus semelhantes como o objeto primeiro da sua preocupação, nós temos que reconhecer, nós temos que considerar este caráter excepcional que este cidadão tem.

Vejam que nós somos de uma região de Porto Alegre onde a carência, onde a necessidade é algo marcante nas pessoas e nas famílias daquelas redondezas. Nós temos tido a oportunidade de termos lá pessoas como Antonio Rafaeli; como outros exemplos que nós temos aqui, eu não vou citar nomes para não cair em algum esquecimento e assim ferir algum principio de justiça, deixando de mencionar nomes que deveria. Mas, na Mesa, nós temos e podemos citar José Manito. Vejam, é um homem ligado estreitamente ao Partenon, ao grande Partenon, e que sabe como o Rafaeli, Manito, e todos os outros que aqui estão, quão carente é a gente daquela área. Nós vamos na parte da Vila João Pessoa, na Vila São José, no Morro da Cruz, no Campo da Tuca, na Vila Vargas, nessas redondezas, ou, então, para o outro lado ali, onde está a Empresa Rótula do Rafaeli, lá para cima do morro, na Maria da Conceição, nós vamos vendo pessoas que precisam de nós. Pessoas para as quais nós temos que ter uma atenção e um carinho especial. Nós todos sabemos, todos eles sabem, o Rafaeli sabe. Claro que o cidadão, a pessoa merece de parte de nós, de parte do Poder Público todo direito que ela tem para contar com condições mínimas para uma vida digna. Mas, não é bem assim; às vezes elas precisam contar conosco, porque o Estado não atende as suas necessidades. Então, há pessoas que são mais desprendidas, mais doadas para as outras e que vão lá levar o seu esforço. Se nós pensarmos como Rafaeli pensa, pensou e vai continuar pensando mais agudamente sobre os excepcionais do Lar Santo Antônio, lá no início da Antônio de Carvalho, ou então, no Lar Pequeninos de Jesus, na Rua Machado de Assis, lá nós vamos encontrar o Rafaeli pronto para fazer alguma coisa por aquelas crianças. Ali o predomínio é de excepcionais. O Estado deveria reconhecer o direito da pessoa, mas não é assim que ele faz. Então, nós temos que contar com pessoas como Rafaeli. Um outro campo que conta com a sua participação, com a sua preocupação é a área da segurança. O Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública, englobando a 15ª Delegacia Distrital de Polícia e a 11ª Delegacia Distrital, ambas no Partenon, tem o apoio do Rafaeli, do seu desprendimento, da sua preocupação em favor das questões comunitárias.

O grande Partenon não foge das dificuldades de toda a nossa Cidade; hoje, vivemos num campo minado pela violência, pela criminalidade, e isso não deveria ser, porque nós pagamos impostos, temos o nosso governo, mas, lamentavelmente, não é isso que acontece. E lá, naquela área, como em toda a cidade de Porto Alegre, também há violência, e por isso, temos que procurar enfrentar essas dificuldades, através da iniciativa da comunidade, dos cidadãos para encontrar soluções.

Vejam, que levamos, contando aí com pessoas como o Rafaeli, para aquela área a 2ª Companhia do Primeiro Batalho Policial, e eles procuram encontrar soluções, através das quais, se possam dar maior dinamicidade para as delegacias de polícia. E por aí vai o trabalho do Conselho, daquela gente que se reúne em torno dos empresários do Partenon, do Santa Catarina, na D. Firmina, todos buscando aflitamente, angustiadamente, soluções no sentido de dar mais tranqüilidade, maior segurança para toda àquela área do grande Partenon. Temos batalhado e contado com a liderança, com o apoio de cidadãos de bem, exemplares como o Rafaeli.

Vejam, quão importante é, hoje já se fala, quando se participa de Conselhos, quase que num dualismo, num paralelismo entre o trabalho da comunidade e o trabalho dos Poderes Públicos, dos órgãos públicos. Então, nos teríamos, a par dos organismos do Estado propriamente dito, a Unidade Federativa, e a União, teríamos também todo o mecanismo de colegiado e conselhos dedicados a reivindicar e buscar soluções. Os conselhos populares, as entidades comunitárias, as associações, proliferam, cada vez mais, sempre nessa consciência que se vai desenvolvendo mais e mais na cabeça e mente das pessoas, no sentido de que mais e mais temos de buscar soluções, não ficar apenas esperando pelo Poder Público, até porque o Poder Público não tem sido o melhor possível no atendimento dos direitos e necessidades das pessoas e comunidades.

Por isso, temos de participar e buscar solução; daí porque, quando prestamos esta homenagem a Antonio Rodrigues estamos apenas reconhecendo, praticando, um ato de justiça. Correto, acertado, porque não teríamos como pagar o sacrifício, a renúncia, o desprendimento, a dedicação, pelo bem-estar do semelhante, especialmente dos mais necessitados e mais carentes. A maneira de reconhecermos – a Câmara, Vereadores e Município ou porto-alegrenses – é esta homenagem, que é simples, singela, mas traz o sangue e o coração dos porto-alegrenses. Muito obrigado. (Palmas.)

(Revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Convido ao Ver. Cyro Martini para que proceda à entrega do diploma de Líder Comunitário ao Sr. Antonio Rafaeli Rodrigues.

Convido aos senhores presentes para que assistamos de pé a entrega deste título.

 

(O Ver. Cyro Martini faz a entrega.) (Palmas.)

 

O SR. PRESIDENTE: A seguir, concedemos a palavra ao Sr. Antonio Rafaeli Rodrigues.

 

O SR. ANTONIO RAFAELI RODRIGUES: (Lê.) “Sr. Presidente, Senhores da Mesa, Srs. Vereadores, senhores convidados, autoridades aqui presentes, caros amigos.

É com uma emoção muito forte e extremamente honrado que aqui me encontro para receber este homenagem. Existem momentos em nossas vidas em que nossos sentimentos ultrapassam o poder das palavras e torna-se bastante difícil exprimirmos, através delas, o que nos vai no coração.

Considero a concessão desta honraria um ato de amizade e confiança dos representantes desta Cidade, que tão bem me acolheu. Por outro lado, mais aumenta a minha responsabilidade, como cidadão consciente, frente a esta comunidade.

É muito fácil nos omitirmos, considerando que os problemas da população desta nossa Cidade são de exclusiva responsabilidade das autoridades e órgãos governamentais.

Em determinado momento, me vi frente a frente com uma pergunta que exigia uma resposta imediata e que me permitisse continuar a conviver de forma adequada com todas as pessoas desta Cidade: ‘O que posso fazer por uma população carente em todos os sentidos, se sou apenas um e tantos são os problemas que eles enfrentam?’

Entendi que o pouco que eu viesse a fazer em prol dos meus semelhantes, seria bem mais que o nada que eu vinha fazendo. A partir deste momento, procurei participar e colaborar, dentro das minhas possibilidades, com todas as atividades comunitárias deste bairro.

Creiam-me Senhores, que por mais que isso possa ter representado para outras pessoas, o maior beneficiado fui eu, pois encontrei uma forma mais harmoniosa de viver comigo mesmo.

Farei empenho para, cada vez mais, levar aos que nada têm, um pouco do que me foi proporcionado.

Feliz será o dia em que todas as pessoas possam ter um viver digno e que o trabalho lhes proporcione o atendimento de suas necessidades básicas. Muito obrigado.”

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Ilustres componentes da Mesa, Ver. Cyro Martini, senhoras e senhores, nossos amigos, nosso homenageado, Antonio Rafaeli Rodrigues, em nome da Mesa Diretora da Câmara Municipal, em nome dos 33 Vereadores, em nome do povo de Porto Alegre, nossos cumprimentos a V. Sª por este título e homenagem justa e merecida. Agradecemos a presença de todos.

Declaramos encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 18h36min.)

 

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